sexta-feira, 31 de julho de 2009

Farsas da Morte

Ah, a vida nas locadoras dos anos 90. Nunca freqüentei uma das conhecidas da cidade, com vasta gama de categorias e filmes. Contentava-me com a que tinha perto de casa – que pouco antes do DVD assumir de vez o mercado, revelou-se um grande acervo de VHS difíceis de encontrar, todos vendidos a preços ultramódicos ou perdidos pelo mau condicionamento. Assim que um videocassete adentrou nosso lar pela primeira vez, a alegria tomou conta do meu ser. Eu locava pelo menos uma vez por semana qualquer porcaria que meus olhos encontrassem na prateleira com uma falta de critério e bom senso incrível.

“Hum...esse é bom, vou levar!”

A novidade de se assistir o que e quando se quisesse ia muito além dos limites impostos pelas grades televisivas, e era mais importante que a natureza da produção cinematográfica. Com toda essa possibilidade em mãos, apesar d’eu ser apenas um moleque e da advertência de "proibido para menores de 18 anos" explodir nas capas de alguns filmes, CLARO QUE, eu também acabei entrando em contato com a indústria pornográfica emergente e a gangue de John Stagliano, mais conhecido como Buttman. Para um recente explorador dos 5X1, eleger na época os filmes de Stagliano como favoritos era algo, como diria Lionel Ritchie, “easy like a Sunday morning, yeaahh, iêê”.

Sem falar que o cidadão viajava com Rocco Siffredi e seus amigos por praias brasileiras e bairros budapestianos, lugares onde as mulheres são de uma beleza e putaria míticas, para os estrangeiros de todo o resto do planeta. Não mais que um garoto curioso diante de tamanha atividade sexual desenfreada nunca dantes vista numa televisão, imaginando consistências e sensações distantes de se tornarem reais, seria preciso algo muito impactante para desviar a atenção daquilo. E foi numa tarde distraída que pus meus olhos nisto.

Uma ora ou outra, sempre tem alguém morrendo. Então, por que não poderia ter alguém filmando, não é verdade? Alguma produtora decidiu reunir vídeos de situações de pessoas partindo dessa para melhor (é o que dizem). OH MY GOD!! Proibido em mais de 800 países (existem 800 países?), existia na locadora a série FACES DA MORTE!! Até hoje não compartilho da curiosidade da população em fazer a roda e sufocar pessoas que se acidentam na rua. Mas por ser nada mais que um moleque maluco e já ficando anêmico pelas locações passadas, levei a fita para casa.

Mermão, MUITO CHOCANTE!! Deveras impressionado com o material, que envolvia entre outras coisas, esfaqueamento de reféns, crocodilos almoçando paraquedistas e rituais de magia negra de alguma tribo longínqua... cheguei a locar outros números da série e até derivados do gênero. Um belo dia, eu larguei aquilo de mão, como tantas outras coisas que largamos nesse período de descobertas e predileções. Voltei para a pornografia, de onde nunca deveria ter saído. Sabe por que? Porque ela não me deixava nem um pouco aflito. Como se isso não bastasse, descobri recentemente que ...



ERA TUDO MENTIRA!!


Rapaz, os vídeos do "Faces da Morte" eram tão reais quanto os peitos das mulheres do Dead of Alive! Para não dizer que eu era uma besta completa, tinha um deles que eu achei que era falso ainda na época. Mas no geral, toda aquele marketing surreal, aquela trilha e narração sinistra, e ninguém para pesquisar e contestar as situações e práticas macabras de lugares distantes...puta merda. Uma fita digna de boas risadas se eu soubesse que era uma troça de pessoas que nem eu e você, com uma idéia na cabeça. Faturaram uma graninha distribuindo o filme para os mesmos 800 países em que eram proibidos, vide encarte. Eu os aplaudo de pé hoje.

Veja como os cortes são altamente subversivos a uma gravação natural. A cena do restaurante exótico, sem dúvida, coisa de quem viu muito Indiana Jones! Porra, derramaram um copo de urucum na lata do pobre urso, na moral.


O do mágico que tem o rosto atravessado por adagas, deixando a platéia da casa de show LOTADA em pânico, arruinou meus sonhos de ser um escapista-houdini durante um bom tempo.


Reconhecendo que filmes de terror não era o meu forte até então, eu achei que precisava de uma dose de realidade para me reeducar. Mal saberia eu que um dia existiria uma rede virtual onde seria possível entrar em contato com toda sorte de atrocidades, assassinatos, e outras maldades gerais e REAIS. E o pior. Adeptos, muitos adeptos. Eu realmente nunca deveria ter abandonado a pornografia. Krysti Lynn, que Deus a tenha, perdoe-me.


Nota 1 – De acordo com o Wikipedia, ao longo da série Faces da Morte, alguns casos eram reais. Mas eu só consigo lembrar dos mais amedrontadores, os fakes.

Nota 2 - Lembro que tinha uma atendente, a única que era feia, que não deixava eu levar filmes pornográficos para casa. “É só para maiores de 18! Você não pode levar!”. Mas por algum motivo que desafia as leis da ciência ela deixava eu locar filmes com a mesma tarja, mas de outros gêneros. Lembro que eu peguei uma vez o Massacre da Serra Elétrica (1974) e logo na primeira morte, quando o Leatherface surge e arrebenta a cabeça de um cara com um martelo, o ator cai e fica lá se debatendo que nem frango, agonizando mesmo. Apertei o “stop” na hora e fiquei uns 15 minutos em silêncio até eu criar coragem para assistir o filme até o fim – e ainda o devolvi no mesmo dia. Entendem agora por que esse país não vai pra frente?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Problemas Genéticos 4



Parece que este é o último capítulo. Será?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Outras qualidades



Mais uma tira baseada nos casos verídicos do Loro da Doca. Eu sempre digo para este rapaz desenhar, que ele tem o traço e humor peculiar, mas ele insiste em falar as idéias para mim - com um papo de que eu que sou o cara e coisa e tal. Percebam o quanto eu sou o cara esquecendo de desenhar o travesseiro e na perspectiva completamente aleatória da cama e do pé do Mardônio. Eu acabo desenhando para não se extinguir tamanha genialidade. Mais tiras pelo próprio punho do garoto aqui e aqui.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Problemas Genéticos 3


Quase chegando ao fim a saga genética.

sábado, 4 de julho de 2009

diálogos 23 – “TCC Times”

Fazer um T.C.C (tratado casual das coisas) em Comunicação já começa ser uma grande viagem pela variedade de assuntos que se pode escolher, afinal, quase tudo é comunicação: eu poderia escrever um do tipo “A influência destrutiva da expressão ‘alváite’ entre os meninos que enpinam pipas na grande Belém”; “Textos literários astecas sobre a égide frankfurtiana” ou “A influência da cultura mexicana dos mariachi na Iugoslávia”(este existe, Fausto Suzuki ia fazer este).

Eu estava relendo meu tcc outro dia, fruto da parceria com Anderson Araújo, e fiquei pensando..."Como é que eles nos deram a nota máxima, com congratulações absolutas e tudo mais? Só faltaram dizer que o t.c.c era dugaraio, provavelmente diriam se não fossem doutores e não tivessem que dar exemplos e um nome a zelar.” Devo salientar que nossos métodos de escrever TCC’s não dista muito da escrita e do espírito do tempo de nossos respectivos blog.

Algumas pessoas que leram depois me perguntaram:

- E podia escrever um tcc assim deste jeito?
- Ora, nunca tínhamos escrito um tcc antes, como iríamos saber?

E no final das contas, nosso tema foi direcionado totalmente ao curso de comunicação/jornalismo da universidade. Foi mais ou menos um apanhado geral do que os alunos do último ano acharam sobre o curso de jornalismo que fizeram – além de valores e referências que os levaram a escolhê-lo e sobre o ser jornalista. Um trabalho baseado em mais de 20 horas de entrevistas com os próprios alunos e metodologias nada ortodoxas (nem sei o que isso significa, mas sempre quis usar esta expressão num texto).

No texto, além dos agradecimentos formais, inclusive ao nosso orientador, que endossou este tema polêmico, apresentamos agradecimentos alternativos...