terça-feira, 30 de outubro de 2007

Dez objetivos para ser mais feliz em 2008

1) Cortar o cabelo: Caso você não esteja em 1969 na fila do Woodstock ou no meio dos anos 90, ouvindo Alice in Chains - as duas últimas temporadas que eu lembro de ter visto um grupo de cabeludos - você está fora da vibe modernosa dos tempos contemporâneos atuais. Não ria, isto é muito grave, significa que os meios de comunicação, as novas tendências, a MTV, enfim, qualquer porcaria lhe coloca fora de contexto – quem sabe até inventado que você, seu cabeludo do caralho, não é sexualmente atraente para as fêmeas. O correto é esperar depois de 2010, década que vai ter o revival dos anos 90...e da camisa pra dentro com a calça lá no pescoço, só pra variar.

Esta é pras garotas: sem considerar que James Hetfield é frontman do Metallica, quem seria mais bem sucedido socialmente numa vibe em 2008? O jovem Jim ou o cara 20 anos mais velho ?

2) Não pentear o cabelo em hipótese alguma: Há uns 15 anos, se você saísse na rua com o cabelo despenteado poderia até ser preso, confundido com algum louco fugitivo. Eu, quando criança, depois que saía do barbeiro, lembro de andar por aí com meu cabelo impecável e ainda chegava com aquela fina coleira de talco na escola. Hoje, se você sair com o cabelo penteado vão dizer no mínimo que você tem problemas de relacionamento e foi criado pela bisavó. A ordem é usar o cabelo no estado mais caótico possível, em prol do jeito style, despojado, descolado de ser. Atirarei pela janela todos os pentes e escovas que encontrar pela casa.

Hoje em dia não é preciso nem ser Jerry Lewis para ser ícone da comédia, basta pentear o cabelo. A moda é ser que nem o cara ao lado, que diga-se de passagem... “abalou Paris em chamas!”.

3) Emagrecer
: A não ser que você seja anoréxico, esta é principal cláusula e a que mais aparece em todas as listas de objetivos de ano novo do mundo novo. Não adianta dizerem que os gordinhos (com eufemismo e tudo) são legais, divertidos e o diaba4, no fundo todas as pessoas preferiam ser bonitas, esbeltas e gostosas. Nem que fosse temporário, apenas para saber como seria. A pior coisa que se pode dizer para uma gordinha é algo tipo: “Você tem um rosto tão bonito!” ... é a comprovação de que o resto está uma merda! Historicamente os padrão de beleza no ramo do entretenimento foi extremamente mutável, de Clark Gable até o Jared Leto, mas a unanimidade é que, a menos que seja alguma piada, nenhum gordo vira sexy symbol. Por mais que o tempo passe, os meios de comunicação, o Moreira do escritório, a MTV, ou seja, qualquer porcaria está sempre tentando fazer você acreditar que a nova protagonista desta temporada de Malhação é mais bonita que aquela sua vizinha gostosa de 70 kg, que quase faz você bater o carro e punheta no mesmo dia. A ordem do momento é malhar, e você ainda pode usar a desculpa de que é por uma questão de saúde e coisa e tal. Abaixo, celebridades exemplos de superação no que diz respeito à massa corpórea:

a)

Jared Leto é um ator que perdeu 20 kg pra fazer um viciado em heroína em “Réquiem para o sonho”(2000). Volta ao peso normal e engorda 20 kg para fazer o assassino de John Lennon em “Chapter 27”(2007). E aí, com toda essa maleabilidade, você não queria ser ele? Não?! Bem, ele também teve casos com a Cameron Diaz, Lindsan Lohan, Scarlett Johansson, Ashley Olsen (acho que as duas, sem ele saber) e ainda teve um affair com a Angelina Jolie - e esse negócio de “affair” de onde eu venho significa “comer alguém pelo menos umas três vezes seguidas sem sair de cima”...e aí, você tem certeza não queria ser ele? Eu queria.

b)

Cansada de ser uma gorda horrível e nem um pouco atraente para a libido masculina vigente, Amy Winehouse tomou uma atitude pós-moderna e também livrou-se da silhueta de cetáceo. Veja mais AQUI.

c)

Halma Sayek, atriz que foi símbolo sexual no período dos 13 aos 30 anos de Jesus Cristo


4) Usar camisa colada style e calça tucandeira: A verdade é que eu acabaria vencido pelo cansaço mesmo. Uma visita ao shopping para usar o banheiro descortinou-se numa realidade presente: nas vitrines, é praticamente impossível encontrar uma camisa ou calça que não tenha um riscado, um babado, um rasgado, um customizado, um franjado, um metalizado, um prengolado, um regundengado, ou seja, qualquer coisa que não seja pra viado. Sem falar que antigamente aquelas calças que não encostavam a bainha na meia eram chamadas de “tucandeiras” – ninguém usava um negócio desses, senão era sacaneado ao extremo. Hoje eu vou comprar exemplares dessas respectivas peças modernas e me preparar para o ensaio da próxima micareta que tiver por aqui.


5) Usar boné à noite: Quando eu tinha quinze anos de idade, usar boné à noite era sinônimo de idiotice. “Porra, tá usando boné à noite? Não tem sol, tá doido?” – era o mínimo que eu esperaria ouvir, antes de levar um pescoção (um tapa na nuca). Hoje a fauna masculina de uma balada noturna tem uma porcentagem significativa de bonés transados, variados, estilizados fazendo parte da sua indumentária. Porra, o que é eu vou falar pra esses caras sobre a utilidade do artefato? Quer saber, este ano eu vou é comprar uns 7 – um do Fidel, um do Rubinho, um camuflado, um rasgado, um com piercing, enfim... um pra cada dia da semana e vou sair por aí curtindo meu momento de frentista.

6) Usar colar de sementes gigantes: Olha, eu não sei qual é moda aí na sua cidade, mas na minha é o colar de sementes gigantes. Junte isso a uma região cortada por rios e casas noturnas que não conseguem parar de tocar Reggae porque alguém um dia achou que o ritmo tinha a ver com o ambiente. Não sei o que aconteceu com outros tipos de bijuterias e penduricalhos inúteis, ou até mesmo, com o colar de sementes pequenas, alguma força sinistra baixou o decreto de que o colar de sementes gigantes é a bola da vez. O mais impressionante é que eu não consigo encontrar ninguém triste usando um desses. Todas as pessoas são felizes com seus colares de sementes gigantes, e quanto maior a semente, mais felizes são. Portanto, a partir deste ano sairei à noite por aí com minha camisa colada customizada, minha calça tucandeira industrializada, meu boné (somente à noite), minha pulseira de tornozelo, uns caroços de abacate pendurados no pescoço e cairei no reggae sem escrúpulos e explodindo de felicidade.

7) Ser eclético: “Eu sou eclético!” deve ser a resposta mais encontrada entre os freqüentadores de uma micareta, por exemplo. Depois de um tempo percebi que essa palavra não é usada por quem gosta de vários tipos de música, mas sim por quem não sabe de porra nenhuma! A maior prova é que elas não sabem nem o que significa ou de onde vem a palavra “eclético”! Somente alguém que não sabe de nada vai dizer que é uma coisa que nem sabe o que é. Como eu também não sei o que significa a palavra, vou ser um também. Cansei de reclamar das músicas que tocam onde estou, cansei de falar durante shows de bandas sucesso de público e crítica, cansei de me incomodar com o som ambiente... eu quero que meu senso crítico musical vá para o espaço (se é que algum dia eu tive um). Não quero nem saber, agora vou ser eclético e me divertir a valer até com música de elevador.

Reunião de pessoas ecléticas...

...como podem ver, é mais fácil encontrar um fantasma do que alguém triste nestas fotos.

8) Assistir a todas as séries que estão surgindo: Muito bem, eu estou me sentido deveras à margem da sociedade brasileira não assistindo a nenhuma das novas séries americanas que surgem toda semana. E isto é grave, porque estão na era de ouro da TV por aquelas bandas, já que o cinema está cada vez pior. Eu por exemplo, tenho vergonha de dizer que nunca vi nenhum capítulo de “Heroes” ou quem é Dexter? Enfim, além de instalar alguma tv a cabo onde eu possa assisti-las, vou passar na locadora e pegar todas as temporadas disponíveis, fazer cópias para eu ver quando quiser e assim ter conhecimento para conversar em rodinhas quando o assunto surgir – mais um passo para seguir feliz e bem informado de cultura pop neste mundão globalizado de meu Deus. O primeiro passo é não perder mais nenhum capítulo da última série da Fox, abaixo.



9) Assistir ao Big Brother todo dia: Eu desisto. Eu não quero nem saber se é armado ou não, já vou assinar o canal exclusivo para ver o Big Brother ao vivo, 24 horas, todo o dia. E vou fazer mais, além de assistir ao Big Brother, vou ver todos os outros programas das outras emissoras que falam sobre o Big Brother; e ainda vou discutir horas a fio sobre o rumo da competição com familiares, amigos, vizinhos, animais, plantas e desconhecidos na rua. Mais que isso...vou ligar, votar em todos os paredões, torcer com grande alegria e fazer o possível para participar de alguma matéria jornalística local de enquête sobre o programa. Aaah, mais que isso, vou preparar o meu vídeo pessoal para participar da próxima edição do reality show. Aaah, mais que isso...hum, deve ter algo que pode ser mais que isso! Quando eu descobrir, vou fazer também!

O cúmulo do Reality Show é: programa sobre reality show apresentado por ex-participante de reality show.

10) Assistir à MTV: Bem, depois de assumir a maioria das resoluções anteriores, já vou ser um indivíduo apto a assistir à MTV novamente – sim, eu via antigamente. Primeiro porque agora vou ser um cara eclético, logo não me afligirei com nada de natureza musical que possa surgir diante da tela, ao contrário, me divertirei às pampas com tudo, inclusive com os Emos (nem sei o que é isso até hoje). O mesmo vale para os outros programas da grade que não tem a ver com música, a maioria. Vou sempre ver o lado bom das coisas e inventar utilidade para todos eles, nem que seja para espairecer e momentos de profunda reflexão diante da tela...Ahn? Acabou? Poxa, agora que eu ia falar a 11 que é “assistir a todos os filmes de cachorro herói”.


Trecho de um programa da MTV usado pelos nazistas para lobotomizarem judeus durante a Segunda Guerra Mundial.


Pessoal, é isso. Se depois disso tudo eu não for mais feliz em 2008, não vou adiar mais meu suicídio. Abraços e façam sua lista.