quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Missão Terra 4

7

8


EXTRA: "DIE HARD", por Konstanti Bronzit -----------------

Na edição especial do Anima Mundi que passou este ano em Belém (PA), um dos filmes que mais gostei foi "Lavatory-Lovestory", do russo Konstanti Bronzit. Com lápis e papel, traços simples e sempre boas sacadas de humor, o russo mostra como o amor pode surgir nos lugares mais inesperados - um banheiro público de uma rodoviária por exemplo. Eis que encontro no tubo a primeira animação que vi de Bronzit, a trilogia de "Duro de Matar". Para todos os fãs de John McClane, como eu.

sábado, 25 de agosto de 2007

Missão Terra 3

5

6
Extra: The Blowjob Girl ------------------------------
Outro dia um amigo me disse que o principal motivo para a proliferação (aumento do número de usuários) e evolução (aumento da velocidade) da internet deve-se à facilidade de exposição de sacanagens e demais material pornográfico. Uma teoria interessante. Fiquei imaginando que esse deveria ser o sonho dos militares quando a criaram como meio de comunicação alternativa tempos atrás:

- E então capitão, recebeu as informações de nosso espião? Já sabe qual o plano dos russos para o Natal?
- Não, major, até agora só consegui baixar a videografia da Silvia Saint e do Rocco Siffredi, mas vou fazer isso também.
-Ótimo, ótimo, mas não tenha pressa. Aproveite e baixe alguns das Brasileirinhas também.

Continuando com os extras que me fizeram rir neste mundo virtual... eu não sei vocês, mas eu rio dessas coisas:


segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Missão Terra 2

3

4

Missão Terra

1

2



------------------------------ EXTRA ------------------------------
Não costumo fazer essas coisas, mas resolvi colocar aqui um trecho do Benett, pra mim um dos melhores cartunistas que podemos encontrar neste mundão internético. Eu devo ter rido por 48 minutos ininterruptos com o trecho a seguir...

Triste, meus amigos. Triste perda para a "sétima arte", como dizem os especialistas, a morte de dois ícones do "cinema de arte" ou "cinema adulto" (como dizem os especialistas). Claro que nossa querida espelunca virtual não poderia deixar de homenagear a memória desses dois "gênios do cinema", como dizem os, ahn...especialistas, que se foram essa semana: Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. À eles:




Visite: www.benett-o-matic.blogger.com.br

Visita de Família [Parte 2 de 2]

(Um conto de Dom Quixote)

...Despertei! Eu adormecera, não sei por quanto tempo, mas a noite já tomava conta daquele incerto lugar. Procurei por Rocinante, mas acredito que os feiticeiros o levaram. Por certo, acharam que eu estava morto e levaram o cavalo para usá-lo em algum ato de magia negra. Pobre Rocinante, amigo de muitas aventuras, será que assim teriam levado Sancho Pança também? Desta vez, eu estava realmente sozinho, procurando um rumo, alguma pista que levasse ao esconderijo de meus inimigos. Andei até o que seria o fim daquele feudo, quando percebi que muitas pessoas seguiam para uma mesma direção. A pé, fui entre os outros, que seguiam em grande número por um caminho magicamente iluminado à noite. Havia tochas, suspensas e brilhantes em suas chamas estáticas, por todo o percurso. Ao final do caminho, meus olhos divisaram uma catedral, bela como a de Salamanca. Próximo a ela, uma área que explodia num espetáculo de cores e sons. As pessoas dividiam-se, algumas entravam na igreja e outras tomavam o rumo das cores. Certamente, tratava-se de uma festa, uma celebração dessas bem aguardadas. Notava-se pela felicidade estampada no rosto dos presentes, principalmente no dos pequenos. Foi naquele clima descontraído que estes olhos encontraram algo que a surpresa pela novidade não me fizera notar antes. No centro, onde estranhamente os outros ao redor transpiravam felicidade, eu o avistei. O gigante tinha de 3 a 4 crianças em cada uma de suas mãos! Desta vez os feiticeiros passaram dos limites. Enviar um gigante para exterminar inocentes, vítimas de um encantamento ilusório, era muita crueldade. Eu, Dom Quixote de La Mancha, que já enfrentei gigantes, leões, dragões e toda sorte de criaturas vis, em segundos preparei a lança e investi contra o covarde: “Valei-me, linda Dulcinéia nesta hora que me envolvo em combate mais que mortal! Este gigante não tem valor sequer de servi-lhe como escravo! Merece encontrar a morte!”. Os pés do inimigo eram como pedra, a lança espatifou-se no primeiro golpe. Desembainhei a espada e continuei o ataque. Os habitantes, enfeitiçados que estavam, começaram a gritar, como se desaprovassem minha atitude - muitos correram, alguns que despertaram do transe. O gigante desferiu um ataque, mas consegui desviar-me a tempo - provavelmente estaria morto se não fosse treinado nas habilidades da cavalaria. No calor da batalha, abri-lhe um talho gravemente. Movendo-se pesadamente, o inimigo começou a libertar algumas crianças no chão. Finalmente, rendia-se o canalha! Movia-se cada vez menos, até parar por completo, liberando o restante de suas vítimas. Enquanto eu o fitava, esperando alguma reação, fui surpreendido por uma súcia de estranhos. Saltaram rápido sobre mim à traição, imobilizaram-me e logo eu estava cativo no interior de uma carruagem. Levaram-me a um castelo, onde os soberanos insistiam em negar meus feitos de cavaleiro andante, e queriam fazer com que eu acreditasse ser outra pessoa. Um dia, Dom Diego de Miranda tomou o castelo de assalto e libertou-me. Aqui estou, meu caro, hóspede na fazenda deste valoroso amigo fidalgo. Mas preciso saber o que aconteceu com Sancho e Rocinante. Por ora, descanso, mas os feiticeiros ainda não livraram-se de Dom Quixote de La Mancha, “O Cavaleiro da Triste Figura”. Vossa visita alegrou-me, meu rapaz. Aprecio a companhia de jovens interessado nas aventuras da cavalaria. Pareces muito com Lourenço, grande poeta e filho de Dom Diego.

- Fascinante história, Dom Quixote. Mas receio que tenho de ir...

Baixei a cabeça e dei uma última olhada naquela antiga matéria de jornal:

“Segunda Feira, 16 de outubro de 1972.

Um rapaz tornou-se o personagem mais comentado em Belém. Sua aventura começou no final da manhã de sábado, quando atacou com uma vara alguns peixeiros que comemoravam a captura do maior Pirarucu da estação, no mercado do Ver-o-Peso. Na confusão, uma barraca de venda de tacacá foi destruída. O rapaz, que é carroceiro - segundo pessoas que o conhecem de vista - estava montado em seu burro de trabalho, vestia-se com pedaços de ferro velho e portava uma vara de madeira mais um pedaço de vergalhão amarrado ao cinto. Após o episódio, ele fugiu montado no burro, assustando motoristas e causando tumultos no trânsito da Av. Tamandaré. Testemunhas afirmaram ainda tê-lo visto à tarde na praça da república, reunido com alguns adeptos da comunidade hippie. Mas o fato mais marcante ocorreu à noite: Acabou danificando a Roda Gigante do Arraial de Nazaré. Ele atacou a base do aparelho com os objetos que portava até afetar um dos mecanismos internos. Os operadores desligaram a máquina, para evitar acidentes. - Ele estava completamente desorientado, as pessoas corriam desesperadas – disse o Ten. Gomes, da guarnição do Corpo de Bombeiros, que chegou para recolhê-lo. Na manhã de ontem, o causador de tumultos teve uma avaliação médica, e ao que tudo indica, será levado sob observação ao Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. O animal do rapaz foi encontrado próximo ao Cemitério da Soledade e junto com ele, dentro de um saco amarrado a sua cela improvisada, um exemplar do livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Até o fechamento desta edição, o rapaz não foi identificado e nenhum parente apareceu.”

Meu primo entrou no quarto. Aproveitando uma pequena distração do cavaleiro, que buscava um livro na estante, falou baixinho: - E aí, gostou de falar com o tio? Já sabe né, inventa um nome bacana pra ti. Eu não precisei porque ele foi logo me chamando de Lourenço. E vê se aparece mais vezes, que toda semana ele tenta me convencer a sair com ele em novas aventuras!

Abri a porta e me despedi do mais destemido cavaleiro andante que o mundo já conheceu.

“Javier Gerardo Guadalaraja” (pseudônimo de Paulo Nazareno no concurso literário)



Ilustração: Rogério Nunes Borges


-----------------------------------------------------------
Conto escolhido em terceiro lugar no Concurso de Contos da Unama com a Academia Paraense de letras: “As prováveis aventuras do cavaleiro da triste figura nas terras da Amazônia” (2005). Os outros são “Quixote” de Alfredo Garcia e “Dom Menino” de Carlos Correa Santos. Os três contos estarão reunidos num único livro em publicação bilíngüe...sabe-se lá quando.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Visita de Família [Parte 1 de 2]

(Um conto de Dom Quixote)




Ilustração: Rogério Nunes Borges


- Não sabia o que fazia ali, naquela balbúrdia! Barulho, muito barulho! Provavelmente era mais uma armação de Frestão, o feiticeiro, tramando contra os honráveis feitos que permeiam este meu destino de Cavaleiro Andante. Mais um ardil de meus inimigos para que eu não pudesse honrar minha amada, a doce e mais bela donzela de todas, dona Dulcinéia de Toboso. Meu pensamento também era tomado por outro problema: “Onde andaria Sancho?”. Meu fiel escudeiro deveria estar comigo. No entanto, exceto pelo meu altivo cavalo Rocinante, Dom Quixote de La Mancha, este que vos fala - conhecido sobretudo como “O Cavaleiro da Triste Figura” – estava sozinho. Perdido numa terra estranha, onde havia coches e grandes carruagens que andavam sem cavalos, talvez mais velozes que se eles realmente os puxassem. O barulho criado pela quantidade deles era ensurdecedor. Tal região não pertencia à Mancha, à Múrcia, ou a qualquer reino ou terra que pisara antes. Os habitantes locais, tenho certeza, nunca estiveram diante de um cavaleiro andante. Afirmo pela surpresa como olhavam-me e entreolhavam-se. Alguns admirados, outros temerosos pelo meu porte marcante, característicos de nós, verdadeiros nobres da cavalaria. Alguns poucos chegaram a agir de forma jocosa, fato cujo motivo até hoje desconheço. Quando andava num fraco trotar de Rocinante, tentando conhecer o local, o primeiro demônio cruzou meu caminho. Percebi o exato momento em que a besta ia atacar uma linda dama, que estava sentada em sua tenda de descanso ao ar livre. Pus a lança em riste e o adverti : “Infernal criatura! Infeliz hora em que cruzaste o caminho de Dom Quixote! Pela primeira e única vez!”. E desferi-lhe um golpe no meio de sua horrenda cabeçorra com face de peixe! A cabeça caiu para um lado e o corpo se estatelou de encontro a uma grande botija, que virou, derramando todo seu conteúdo. Pelo forte odor e consistência, percebi que o líquido tratava-se do lendário ungüento de Ferrabrás, um potente bálsamo, capaz de curar qualquer ferimento. Mesmo que um homem fosse retalhado em pedaços, uma única gota do ungüento de Ferrabrás seria suficiente para curá-lo – isto é claro, juntando-se todas as partes antes. A dama, que tomava conta do precioso remédio, ficou furiosa, berrando palavras incompreensíveis para mim. O demônio ficou todo encharcado, rapidamente voltou à vida. Levantou-se e veio em minha direção com uma fúria de mil homens. No caso, mil demônios. Uma legião deles cercou a mim e Rocinante. Desferi alguns golpes, tombando outros tantos, mas Rocinante derrubou os que fechavam seu caminho, abalando-se em disparada comigo no lombo. Logo não conseguia mais avistar os demônios, que deveriam agradecer ao meu altivo – mas temporariamente assustado – cavalo por ter adiado o destino de serem ceifados um a um pelas mãos de Dom Quixote de La Mancha! Depois de percorrer certa distância, quase sendo atingidos pela infinidade dos rápidos coches, chegamos a uma área mais agradável. Um lugar de frondosas árvores e pequenos campos de gramíneas. Aproximei-me de alguns habitantes daquele feudo. Eram de vestes simples e cabelos compridos, preparavam-se para uma refeição ao ar livre. Foram gentis, convidando-me a juntar-se a eles. Dividiram comigo suas poucas provisões. Agradeci solenemente, pois até o mais frugal alimento, para nós cavaleiros andantes, pode tornar-se um manjar dos deuses. Enquanto eu comia, Rocinante recuperava as forças com algumas frutas que meus anfitriões possuíam num alforje. Elas caíam das grandes árvores. Eu mesmo senti uma violentamente sobre o elmo, para a alegria de meus novos amigos, que desandaram a gargalhar. Feita a refeição, um deles pegou um pequeno artefato escuro. Uma pequenina chama apareceu em suas mãos e ele o acendeu, foi quando descobri tratar-se de algum tipo de fumo. Nesta lida de cavaleiro andante, ouvi falar sobre tribos que têm por costume acender um fumo da paz, um ritual de boas vindas para os viajantes nômades em suas terras. A recusa a participar por parte do visitante seria uma desonra ao povo hospitaleiro. Então, fiz como todos os presentes, que passaram o artefato de mão em mão, verti a minha fumaça da paz. Em pouco tempo, senti-me demasiado estranho. Meus movimentos ficaram lentos e comecei a balbuciar palavras sem sentido. Tudo ao meu redor envolveu-se numa atmosfera bruxuleante. “Maldição!”, pensei. Os feiticeiros enganaram-me novamente. Provavelmente Frestão e sua corja estavam por detrás disso. Disfarçaram-se de jovens amigáveis para capturar-me e impedir a continuação dos atos heróicos dos cavaleiros andantes, que hoje ecoa através dos passos de Dom Quixote. Concluí meus pensamentos quando uma incontrolável sonolência abateu-me. Sem dúvida, a morte pairava sobre mim, e comecei a enfrentá-la: “Que venha, morte indigna. Que injustiça, morrer assim, vítima de uma trapaça em terras desconhecidas. Que tristeza não poder ver pela última vez a silhueta celestial da delicada Dulcinéia. A partir de hoje, minhas aventuras ecoarão somente na eternidade, na memória daqueles que presenciaram ou ouviram os feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote de La Mancha”. Cambaleante, caí na grama a esperar meu derradeiro suspiro...